Day-Light.

Antigamente precisava de alguém com um caminhão vazio pra poder vir me buscar. Eu me espalhava toda e tanto, que quanto mais espalhava, mais de espaço precisava. Eram tantas lágrimas, tantos caprichos, tantas coisas inventadas por mim mesma que não dava pra entrar num carro de passeio. Como tempo isso foi mudando. Mas não mudaram o sentido da decepção.
Entrei numa sala que tinha uma porta entreaberta achando que ia encontrar certo sentido pras coisas. Fiz figurinha com as imagens e as pessoas que achei, mas nada muito caricato. Num efeito polaroid, depois de um tempo tudo voltou a ser sério e impiedoso, triste e melancólico. Muitos sorrisos haviam sumido dos rostos e muitos outros rostos também.
Meu poder de indecisão hoje em dia continua afiado e sei que dificilmente muito dele irá mudar, algo chamado natureza pouco muda, mesmo que se passe a vida inteira tentando. Eu acho que chamaria de carma; enfim, qualquer nome não importa quando não se consegue sair dele mesmo. Agora não quero que ninguém nem nenhum caminhão venha me encontrar. Não quero escutar qualquer voz que seja, nem mesmo as roucas. Não tenho telefone pra não ter que atendê-lo, não sei como vão estar os meus próximos cinco minutos. Tudo tão quente! Tudo tão impermanente! Tudo tão passivo de interpretação que por enquanto prefiro isolar as minhas. Rolam papos psicológicos de vez em quando. Nada muito formal, tudo fora do divã, mas servem. E eu sirvo com o sorriso praqueles que sabem lê-los. Praqueles que acreditam nas fadas, nos anjos e nos seres de luz. Eles existem. Os vejo o tempo todo.




Ela fechou a porta. Não quis saber se alguém ia bater ou tocar a campainha. Simplesmente fechou a porta e por algum tempo permaneceu assim, reclusa, trancada. E mesmo fechando a porta encontrou uma janelinha aberta... de onde pode ver o céu, o sol... por onde pôde sair e vagar por entre as nuvens assim a tarde percebendo que estas não teimam em exuberar sombras, em delinear as cores; mas em transformar o céu num espetáculo.






Blame on the Black Star
Blame on the falling sky
Blame it on the satellite
That beams me home...









Picture By Saturnine.







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