waking life.

"Me recuso a ver o existencialismo como apenas mais um modismo ou uma curiosidade histórica porque ele tem algo importante para oferecer no novo século. Acho que estamos perdendo as virtudes de vivermos apaixonadamente, de assumirmos a nossa responsabilidade por quem somos, de realizar algo e nos sentirmos bem em relação à vida. O existencialismo é às vezes, visto como a filosofia do desespero, mas penso que ele é justamente o contrário. Sartre disse, certa vez, que nunca teve um dia de desespero em sua vida. O que os pensadores nos ensinam não é tanto uma sensação de angústia, mas sim de exuberantes sensações. Como se sua vida fosse sua obra a ser criada. Eu li os pós-modernos com interesse, com admiração até. Mas sempre tenho uma péssima e incômoda sensação de que algo essencial está sendo deixado de fora. Quanto mais se fala sobre o ser humano como uma construtor social ou uma confluência de forças, ou como um fragmentado ou marginalizado, abre-se todo o universo de desculpas. Quando Sartre fala de responsabilidade, não é abstrato. Não se trata de um tipo de eu ou de alma que tratam os teólogos. É algo concreto. Somos nós, falando, tomando decisões, assumindo as consequências. Há 6 bilhões de pessoas no mundo, é verdade. No entanto, suas ações fazem diferença. Fazem diferença em termos materiais e fazem diferença para outras pessoas. Servem de exemplo. A mensagem é: não devemos jamais nos eximir e nos vermos como vítimas de várias forças. Quem somos nós é sempre uma decisão nossa."




Texto extraído do filme "Waking life".

0 comentários:

Postar um comentário

Habla!